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Acervo da Revista Kairos

Mensagens Oportunas de Convidados Honrados

O Cristianismo como uma Religião Intervencionista

Udo W. Middelmann é presidente da Fundação Francis Schaeffer. Tem atuado como palestrante e gerenciador para a L’Abri International, ministro presbiteriano, professor universitário e consultor para o Ministério da Educação russo. Seu livro mais recente é The Market-Driven Church: The Worldly Influence of Modern Culture on the Church in America (A Igreja Impulsionada pelo Mercado: A Influência Mundana da Cultura Moderna sobre a Igreja na América - Crossway).

No marxismo, a vida é amarrada à História que progride através da dialética. No islamismo, a vontade de Deus une tudo e todos na comunidade. Os budistas sugerem que a dor está somente na mente, que pode ser transformada através do desprendimento de si mesmo. O taoismo vê o homem como uma folha boiando no rio do tempo. As religiões tribais africanas exigem submissão aos padrões dos anciãos. Os espíritos governam a vida dos Mayas e dos budistas mongóis. Os hindus destinam o homem a um ciclo vicioso de reencarnação em um sistema de castas sociais. Em todos esses casos, o resultado é a pobreza humana, social, política e economicamente. Todas são culturas de repetição, não de inovação, crescimento e sabedoria madura. Isso é, de longe, a grande poluição, um desperdício de pessoas e vidas, o achatamento das almas, e o amortecimento do espírito humano. O cristianismo está em contraste total às visões de mundo e às religiões que ensinam uma fusão ímpia e fatalista com a terra ou o tempo.

A abordagem bíblica é dirigida pelo mandamento social e cultural divino (Gn 1.28), e sua forte ordem a favor da vida e contra a morte depois da Queda. As mãos têm que ser colocadas no arado em labuta; a cultura deve moldar a natureza. A aparente finalidade da morte deve ser enfraquecida ao se dar à luz a filhos.

As Escrituras insistem que os homens e mulheres interferem com a natureza decaída e produzem mudanças para o bem contra o mal, a favor da vida contra a morte, pela razão contra a fé cega. Na verdade, o próprio Deus interfere através da Palavra escrita, falada e vivida. Somente por Sua Palavra sabemos que Ele é bom, que houve uma queda terrível da plenitude, que somos feitos à Sua imagem e que Ele nos fez um pouco menores que os anjos, capazes de entender e aplicar Sua revelação.

No Antigo Testamento, Deus enviou profetas para expor o adultério espiritual e moral de Israel.

Ele mostrou a Jó que a vida não era justa, que seus amigos estavam errados em seus conselhos tolos, e que em meio a tal horror, a glória de Deus seria demonstrada pela Sua interferência, não por um chamado a se submeter a tudo aquilo. No Novo Testamento, aprendemos que o homem cego não era cego porque merecesse ou porque Deus o queria daquela forma, mas para que Jesus pudesse demonstrar Seu poder. E na história da Igreja, o gentil São Francisco podia alimentar pássaros, só porque outros respeitavam a regra da lei e da espada do Estado, pela qual ele e seus monges companheiros eram protegidos.

A Bíblia nos chama para uma intervenção ativa, não resignação. Ela nos convida a inventar, a corrigir e a criticar. Devemos escavar e nos aprofundar, votar e vetar, discernir e descobrir. A vida é nosso foco, a morte um inimigo temporário resultante do pecado. Devemos fazer as coisas, trabalhar e criar uma reserva para apoiar a nós, às crianças improdutivas, às viúvas, aos órfãos e ao estrangeiro debaixo de nosso teto por sete dias, a partir do trabalho de seis dias. Nós canalizamos água, alteramos padrões de crescimento das plantas, amputamos membros do corpo para manter uma pessoa viva. Buscamos justiça e apelamos quando ela não nos é garantida. Comprometemos nossa mente e corpo para olhar as questões de ângulos múltiplos em busca da verdade. Temos instituições paralelas e concorrentes a fim de diminuir a margem de erro ou mau uso do poder. Assim como João, não nos acovardemos diante das palavras tolas de Herodes diante de seus poucos amigos. João perdeu sua cabeça por um tempo, mas Herodes perdeu sua alma para sempre.

A pobreza, o mau governo, o riso do infortúnio dos outros é aceitável somente em culturas onde se assume o destino. Não existe problema quando tudo é visto como merecido ou resultado do destino. Todas as religiões fora do judaísmo e do cristianismo levam a isso. Elas amarram a realidade presente a um plano mestre de longa duração e insistem para que se abandone a si próprio, à mente, à alma e, finalmente, também ao corpo.

O homem ocidental e o mandado bíblico de domínio cultural são acusados de interferência. A isso temos o prazer de admitir “Culpado!” Em contraste, poucos fora da comunidade de pessoas influenciadas pelo ensinamento bíblico sequer se mexem para ajudar aos pobres, intervir em catástrofes, trabalhar para um melhor governo e um ar mais puro. Mas o povo de Deus não se cala, não aceita um destino; não somente descobre, mas também prescreve, e se levanta para ser ouvido e atendido.