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A Família tem Futuro?
R. Albert Mohler, Jr. é um conhecido autor e palestrante. Atualmente, atua como presidente do Seminário Teológico Batista do Sul.

A família tem futuro? A questão é ofensiva, mas é um debate controverso rapidamente pressionado pela incrível transformação social que agora molda a cultura norte-americana. O florescimento contínuo de algo que se assemelha à família tradicional é uma questão aberta.

A cultura de guerra que os Estados Unidos têm experimentado desde a década de 60 já atinge o cerne da própria civilização – a unidade familiar. As questões concernentes à família agora são as frentes mais quentes de guerra pela alma da cultura. Como comenta o sociólogo James Davison Hunter: “alguém pode ser tentado (...) a dizer que este campo de conflito é o começo e o fim da cultura contemporânea de guerra, pois as questões contestadas na área de política familiar se aplicam e podem até se transpor para outros campos de conflito – educação, artes e política.”

Por que isso é assim? Como poderia ser que algo tão básico e precioso como a unidade da família possa ser um assunto de tanta controvérsia e divisão? Uma razão é que, desde os anos 60, os revolucionários morais têm travado uma campanha ideológica contra a família tradicional, tentando retirá-la de seu lugar central na sociedade. A razão é clara – aqueles que transformariam a sociedade deveriam transformar a unidade familiar também. Pois, tal como vai a família, assim vai a sociedade.

Os críticos ideológicos incluem os marxistas, que identificaram a família como uma instituição burguesa que impede o desenvolvimento do comunismo e do verdadeiro socialismo; as feministas, para quem a família tradicional é irremediavelmente patriarcal; os liberais sexuais, para quem ela é frustrantemente restritiva; e, mais recentemente, os ativistas homossexuais, para quem o status privilegiado da família heterossexual é um obstáculo final para a igualdade plena.

Alguns celebram a mudança abertamente. A professora da Universidade de Nova Iorque, Judith Stacey, por exemplo, está emocionada pelo fato de que a família não está “aqui para ficar.” “Nem deveríamos desejar que estivesse,” conclui. “Pelo contrário, creio que todas as pessoas democráticas, quaisquer que sejam suas preferências de parentesco, deveriam trabalhar para apressar sua morte. Um conceito ideológico que impõe uma homogeneidade mítica sobre diversos meios pelos quais as pessoas organizam suas relações íntimas, ‘a família’ distorce e desvaloriza essa rica variedade de histórias de parentesco.”

A lógica de Stacey é clara. A família tradicional, composta idealmente de um marido e uma esposa mais os filhos, é somente outra “preferência de parentesco”, e uma preferência potencialmente perigosa. Assim, as pessoas de bem deveriam procurar destruir a unidade familiar como básica à nossa sociedade.

A antiga presidente da Organização Nacional para as Mulheres (National Organization for Women - NOW), Patricia Ireland, argumenta que a tradicional família heterossexual, baseada em casamentos heterossexuais e fidelidade conjugal, deveria ser substituída por qualquer sistema de parentesco que os indivíduos possam escolher, desde que esses arranjos sejam baseados em “amor, lealdade, e compromisso a longo prazo.”

Argumentos semelhantes agora são usados por ativistas homossexuais que forçam o reconhecimento pelo Estado dos “casamentos” homossexuais. A redefinição de casamento para incluir virtualmente qualquer forma de relacionamento é um objetivo principal dos revolucionários sociais, que veem a família heterossexual como um obstáculo formidável para sua engenharia social. As sociedades ocidentais sempre têm privilegiado as uniões conjugais, garantindo direitos para casais casados que são negados a outros. Isso tem sido entendido como essencial à estabilidade social e à educação dos filhos. O Estado, assim, tem tido interesse em manter a dignidade e a integridade do vínculo conjugal, e séculos de precedentes legais garantem essa tradição. Alguns ativistas homossexuais e feministas admitem que sua motivação primária não é realizar uma versão homossexual do casamento heterossexual (com a obrigação da fidelidade conjugal), mas despir a família tradicional de seus privilégios e prestígio cultural.

O que a visão de mundo cristã, baseada nas Escrituras e enraizada na Igreja como povo de Deus, oferece como correção?

Primeiramente, devemos reconhecer que a família não é meramente um desenvolvimento sociológico, nem um produto do progresso evolutivo, mas o plano de Deus para a vida humana – a unidade mais básica da sociedade humana. Isso contraria a reivindicação moderna de que a família é uma invenção secular puramente negociável.

Em segundo lugar, a unidade familiar toma por base a integridade do casamento. Deus criou os seres humanos como macho e fêmea e estabeleceu o casamento como um vínculo permanente de relacionamento sexual.

Em terceiro lugar, os filhos devem ser saudados como presentes de Deus e criados na disciplina e admoestação do Senhor. Os pais são responsáveis pela maneira como seus filhos são criados, por sua educação, por seu treinamento espiritual, por sua disciplina e bem-estar. A família deve resistir às incursões radicais do Estado secular para dentro de seu domínio particular.

Em quarto lugar, os pais cristãos devem resistir à cultura consumista que clama a atenção dos filhos desde os primeiros anos de vida. Devem reconhecer que enfrentamos uma forte concorrência da generalizada cultura do entretenimento pelos corações e mentes de nossos filhos.

Quinto, devemos entender que nossas igrejas têm uma importante responsabilidade de apoiar os pais e mantê-los responsáveis por sua fidelidade conjugal e a criação de seus filhos como questões de disciplina na igreja. Não deve se acomodar à cultura do divórcio e incentivar seus membros simplesmente a “tentar melhorar da próxima vez.” As taxas de divórcio entre cristãos são um escândalo que tem trazido censura sobre a Igreja.

Por último, devemos nutrir uma nova visão da família cristã como um contexto onde Deus se glorifica na ordem correta de Seu povo. O alvo final de nossa vida familiar não deveria meramente ser desfrutar de todas as bênçãos e cumprir com as responsabilidades das relações familiares, mas glorificar a Deus através da integridade de nossos casamentos, através da educação de nossos filhos, e através do amor a Deus demonstrado em nosso amor uns pelos outros.

Esse é um ponto de vista da família que o mundo não consegue entender completamente – mas deve respeitar. Devemos demonstrar que há algo distintivamente cristão na família cristã – e devemos demonstrar essa diferença em nossas próprias famílias. A cura começa em casa.