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Precedentes Históricos
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Casamento e Mulheres no Mundo Pagão dos Tempos Bíblicos

Neaira vivia na antiga Atenas, cerca de trezentos anos antes do nascimento de Cristo. Foi comprada quando criança para ser criada como uma hetaira, ou prostituta de alta classe. Por um tempo “serviu” a dois homens solteiros até que chegou a hora de eles se estabilizarem. Com o tempo, comprou sua liberdade e até se casou. No entanto, não podia se esquecer de seus dias obscuros. Seu marido ganancioso forçou-a novamente à prostituição.1 Como uma garotinha que merecia a proteção amorosa de um pai, Neaira, viu-se como uma escrava sexual. Então, como esposa, viu-se forçada a ir para a cama de outros homens. Sua situação não era única. A prostituição era comum na Grécia antiga.2 Essa região sombria precisava desesperadamente de luz.

A Grécia antiga é só uma das sociedades que fornecem o contexto para o mundo bíblico. Outras incluem o Antigo Oriente Próximo, Roma e, naturalmente, o antigo Israel, com a influência moral (e imoral) correndo livremente, para adiante e para trás de suas fronteiras.3 Mas a Bíblia ensina que o povo de Deus não deve ser sugestionado pela cultura circundante, mas pela Sua santa Palavra. Vários exemplos históricos explicam isso claramente:

  • De acordo com um contrato assírio, marido e mulher podiam se divorciar através de um simples pagamento financeiro.4 Considere isso uma versão bastante antiga do “divórcio fácil.”

  • Na Babilônia, o compromisso de um marido dependia literalmente da saúde da mulher. A lei babilônica permitia que o marido se casasse com outra – poligamia legalizada.5

  • Na Mesopotâmia, um marido podia se divorciar de sua esposa ao doar uma propriedade da família a um estranho. Pior ainda, poderia envergonhá-la no processo ao “literalmente despi-la e retirá-la de casa.”6

  • No mundo romano, homens, quer antes do casamento quer em seus últimos dias de vida, deviam todos ter uma concubina – uma companhia feminina com quem não tinham obrigação legal.7 Podiam escolher entre se casar com ela ou tratá-la como brinquedo sexual a ser descartado a qualquer momento.

  • Na lascividade da antiga Grécia, não era considerado adultério um homem casado ter relações com uma hetaira, como Neaira, em um evento social. Alguns maridos nem se preocupavam em esconder seus casos com as escravas – tal era a perversão da cultura.8

O Novo Testamento repudiava essas práticas predominantes. Jesus confirmou a intenção do Pai da união de uma carne como o padrão final declarando que o divórcio e novo casamento eram adultério, em Marcos 10. Paulo instruiu os homens a serem “maridos de uma mulher” (1 Tm 3.2), indicando que todos os homens casados devem ser dedicados somente às suas esposas. Pedro chamou os maridos à “honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida” (1 Pe 3.7). Como os homens gregos e romanos se alegravam na promiscuidade, deixando mulher após mulher feridas em seu rastro, é Paulo quem ensina à Igreja a dura palavra de que os sexualmente imorais não herdarão o reino de Deus (1 Co 6.9-10) e que mostrou a escapatória da luxúria para o ideal divino – o casamento entre um homem e uma mulher (1 Co 7.2). Sem dúvida, isso seria música para os ouvidos de Neaira. Perceba, são as Escrituras cristãs que exigem compromisso, que estimulam a fidelidade, que insistem que as mulheres podem ser valorizadas como coerdeiras do evangelho e que encorajam o sexo em seu contexto apropriado, o casamento.

Da próxima vez que o cristianismo for acusado como uma religião repressiva, ignorante e atrasada, o crítico deveria reconsiderar quão repressivo, ignorante e atrasado seria o mundo atualmente sem a defesa cristã do casamento.

Notas de Rodapé:
1

Veja S. M. Baugh, “Marriage and Family in Ancient Greek Society,” in Marriage and Family in the Biblical World, ed. Ken M. Campbell (Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 2003), 105-107 and Allison Glazebrook, “The Bad Girls of Athens: The Image and Function of Hetairai in Judicial Oratory,” in Prostitutes and Courtesans in the Ancient World, eds. Christopher A. Faraone and Laura K. McClure (Madison, WI: University of Wisconsin Press, 2006), 125-126. Tradução livre.

2

Allison Glazebrook, Ibid., 130.

3

Ken M. Campbell, “Preface,” in Marriage and Family, xv.

4

Peter Coleman, Christian Attitudes to Marriage: From Ancient Times to the Third Millennium (London: SCM Press, 2004), 9. Tradução livre. Por exemplo, o casal assírio, Laqipum e Hatala, concordaram com as seguintes estipulações no século XIX a.C.:

Laqipum não poderá se casar com outra mulher, mas na cidade poderá se casar com uma hierodule [prostituta cultual]. Se em dois anos Hatala não lhe der filhos, ela mesma lhe comprará uma escrava. Depois que esta lhe tiver dado um filho, poderá colocá-la à venda. Se Laqipum escolher se divorciar de Hatala, deverá pagar-lhe cinco minas de prata e se ela escolher se divorciar dele, deverá lhe pagar cinco minas de prata.

5

Victor H. Matthews, “Marriage and the Family in the Ancient Near East,” in Marriage and the Family, 15. Tradução livre.

6

Ibid., 25.

7

Susan Treggiari, “Marriage and Family in Roman Society,” in Marriage and Family, 169-171. Tradução livre.

8

Baugh, “Marriage and Family in Ancient Greek Society,” in Marriage and Family, 116-117. Tradução livre.