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Compaixão Bíblica na Questão do Divórcio e Novo Casamento

11 Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela; 12 e se ela repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.

Marcos 10.11-12 (JFA)

Nos Estados Unidos, para cada dois casamentos, há um divórcio.1 No Reino Unido, o número anual de divórcios aumentou mais de cinco vezes desde 1961.2 Isso é uma epidemia no Ocidente, e é provável que uma determinada igreja tenha vários divorciados em suas fileiras. Estes homens e mulheres terão sofrido um alto grau de privação e vergonha, e alguns estão atualmente dispostos a permanecerem descasados pelo resto de suas vidas. Outros, no entanto, buscarão um novo cônjuge e esperam que a Igreja os encoraje nesta busca. Pode ser muito tentador para um pastor ajudá-los nesta tarefa, mas os ensinamentos de Cristo podem se provar bastante problemáticos nesta questão.

Em Marcos capítulo 10, os fariseus confrontaram Jesus com a dura questão do divórcio, um assunto que dividia os próprios líderes judaicos. Os seguidores do rabi Shammai toleravam o divórcio em casos de total indecência. Os seguidores do rabi Hillel, por outro lado, permitiam a um marido se divorciar de sua esposa por ela cozinhar mal. Jesus lhes perguntou o que Moisés disse sobre o assunto (v. 3), e eles citaram uma regra secundária de Deuteronômio 24.1-4. Ali Moisés regulamentou que uma mulher divorciada, casada novamente e divorciada novamente não pode voltar a seu marido original. Alguns haviam transformado essa decisão especial em uma licença geral para o divórcio. Assim, Jesus citou o plano original de Deus para o casamento (vv. 6-7). Lembrou aos fariseus que o casamento significava “uma carne” (Gn 2.24), não meramente um conhecimento íntimo (v. 8), e por isso a separação é pecado (vv. 8-9).

Este foi um pronunciamento duro que levou os discípulos a observar “Se tal é a condição do homem relativamente à mulher, não convém casar” (Mt 19.10). Entenderam que o vínculo não era negociável e que a gravidade de sua violação era substancial. Na verdade, a pessoa envolvida em uma série de casamentos não era nada menos que um adúltero (vv. 11-12), um ofensor que se enquadrava para o apedrejamento sob a lei levítica (Lv 20.10).

Naturalmente, duas passagens do Novo Testamento sugerem exceções a esta regra. Mateus 5.31-32 cita a impureza sexual (porneia) como um violador do casamento, embora alguns reivindiquem que esta exceção se aplica somente ao período de noivado. Em 1 Coríntios 7.15 é dito que os vínculos são quebrados quando um não crente abandona um cônjuge crente. Por conseguinte, alguns atualmente contam o abuso físico como uma forma de abandono. E outros argumentam que o divórcio antes da conversão não é considerado quando surge a questão do novo casamento. Seja como for, o padrão bíblico ainda é exigente, claramente fora de sintonia com a cultura.

Isso põe o pastor em uma posição difícil. Se, por compaixão, favorecer as preferências maritais daqueles que querem tentar de novo (e de novo), contribuirá para a desvalorização do casamento na sociedade e enfrentará as questões: “Como poderia oficiar a bênção a algo que Jesus chama de ‘adultério’?” e “Como pode presumir ser ele próprio mais ‘legal’ que Jesus nesta questão?”. Se se recusar a participar em tais casamentos, ferirá as partes envolvidas e seus apoiadores. A congregação poderá posteriormente se afastar de seu ministério, considerando-o não amoroso.

Seria bom se o pastor pudesse evitar este dilema, mas esta é uma das questões mais urgentes e difíceis que enfrentará – logo e repetidamente. As escolhas que fizer aqui farão muito para definir seu ministério. Por mais difícil que seja, deve se esforçar para ser bíblico do começo até o fim, pois se não for, quem será? Naturalmente, sua aplicação das Escrituras deve ser compassiva, mas compaixão nunca pode ser um substituto para uma exegese fiel. E se o divorciado e seus apoiadores questionarem o amor do pastor, poderá simplesmente explicar que estava pregando principalmente para as crianças e jovens da congregação, apresentando-lhes o elevado ponto de vista divino do casamento e fazendo o melhor para afastar-lhes da dor dos casamentos mal escolhidos e mal administrados que alguns dos mais velhos têm sofrido. Este é o âmago da compaixão bíblica nesta questão.

Notas de Rodapé:
1

“Marriage and Divorce: Data for 2003,” National Center for Health Statistics Website, August 3, 2005, http://www.cdc.gov/nchs/fastats/divorce.htm (27 de outubro de 2005). Tradução livre.

2

“Divorces: 4th Successive Annual Increase in the U.K.” National Statistics Website, August 31, 2005, http://www.statistics.gov.uk/cci/nugget.asp?id=170 (27 de outubro de 2005). Tradução livre.