Busquei entre eles um homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha perante mim, a favor desta terra, para que eu não a destruísse; mas a ninguém achei.

Ezequiel 22.30 (JFA)

Nem todos os homens são homens de verdade - pelo menos não aos olhos de Deus. Homens de verdade lideram, falam, e permanecem firmes. Eles ficam "na brecha" em tempos de crise. Constroem grandes cidades e organizações mas, o que é melhor, edificam a Igreja. Nos conselhos celestiais, um comitê de busca composto por apenas Um procura por aqueles que têm a coragem e fibra moral para fazer o que é certo. Por Deus ser Deus, Ele não precisa de especialistas, técnicos, ou oradores qualificados para realizar Sua obra. Ele simplesmente precisa de homens.

Durante a época da ascensão do império babilônico, Deus buscou um homem para alertar as pessoas perversas de Judá - bem como a seus líderes - de sua desgraça iminente. Sua terrível maldade acionou o imediato e justo julgamento divino contra os habitantes de Sião. Seus muitos atos obscuros incluíam derramamento de sangue e assassinato (vv. 22.1-5), a corrupção do governo (v. 6), o ódio aos pais (vv. 7, 10), a extorsão (vv. 7, 12), a imoralidade sexual (vv. 10-11) e a mesquinharia (v. 13). Por essas e outras obras semelhantes, Deus prometeu punição decisiva. Embora o cativeiro na Babilônia certamente envolveu a remoção física de Jerusalém, a pena na íntegra significou a ruína completa de um povo infiel, "congregar-vos-ei e assoprarei sobre vós o fogo do meu furor; e sereis fundidos no meio de Jerusalém" (v. 21).

Os líderes religiosos conduziam o desfile da infidelidade e do ódio a Deus. O Senhor descreveu os profetas como conspiradores com o mal (v. 25). Ao aprovar o pecado dos príncipes de Judá ou permanecer em silêncio, eles próprios traíam os inocentes. Ao se recusar a falar contra a imoralidade do seu tempo e encobrir os pecados dos líderes políticos, "lhes encobriam isto com cal por visões falsas, predizendo mentiras" (v. 28). Agindo assim, esses supostos servos de Deus banhavam suas mãos no sangue injustamente derramado. Os responsáveis pela direção da adoração fizeram o mesmo. Ao falhar em não distinguir entre "o santo e o comum" (por exemplo, corrompendo a reverência para com Deus na adoração), os sacerdotes fizeram do Deus soberano um escárnio público.

Em meio a tal abominação, Deus "buscou um homem para tapar o muro e ficar na brecha" (v. 30). Tal homem prega sobre o pecado e julgamento - e sobre as bênçãos do arrependimento, sem medo ou favor. Mas não pôde encontrá-lo em todo o Israel. Afinal, é preciso coragem para ficar isolado por causa de Deus. Devido à escassez, Deus chamou Ezequiel, que informou a Judá de que eles não haviam sido perdoados. Ele foi ridicularizado por causa desta mensagem (cf. vv. 20.49, 33.30-32). Aqueles que seguem o seu exemplo, devem esperar o mesmo.

Poderá o Senhor encontrar um homem na multidão dos pregadores e professores de hoje? Conseguirá encontrar um profeta que fale a verdade ao poder cultural e um sacerdote que resolva guardar sagradas as coisas do Deus santo? Os homens agem por convicção e força. Covardes esperam por resultados de pesquisas e se colocam “em cima do muro”. Homens piedosos agem por confiança na Palavra de Deus. Falsos profetas dizem aquilo que as pessoas querem ouvir. Os verdadeiros profetas embarcam em um caminho estreito, um caminho que não serve para o fraco de coração.