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George Whitefield (1714 – 1770): O Evangelista Incomum de Deus

George Whitefield correu os olhos pelo mar de rostos pretejados pelo pó das minas de carvão. Ao fazê-lo, viu "trilhas brancas abertas pelas lágrimas abundantes que escorriam pela faces escurecidas de muitos ali."1 Era final do inverno de 1739 e esse já era o terceiro dia em que Whitefield pregava o evangelho para essa multidão de ouvintes inusitados, por serem notórios por sua impiedade. Estes homens (estimados em 20.000) eram terríveis quando provocados, e o pregador tinha razão para temer que o atacassem. Ainda assim, ele confiou na providência divina e seguiu pregando com grande efeito.

Um historiador já observou que “os evangélicos anglicanos [do século 18 ] tiveram... [um] profundo efeito sobre as pessoas das classes médias”,2 porém a igreja havia perdido, significantemente, seu contato com os bairros em que a população mais pobre vivia e trabalhava. O clero, naqueles dias, tinha pouca esperança de que os pobres se convertessem a Cristo e que houvesse uma reforma moral nas suas comunidades. Whitefield, porém, estava decidido a tentar alcançá-los. Quando se deu conta de que a região que Deus lhe havia conscientizado a alcançar não tinha sequer escolas ou igrejas, ele se dedicou a pregar ao ar livre.

Esta sua prática foi considerada curiosa pelos seus contemporâneos. Mesmo John Wesley, pregador ousado, tinha suas reservas, conforme registrou em seu diário no dia 31 de março de 1739:

Cheguei a Bristol à noite e me encontrei com o Sr. Whitefield. Era muito difícil aceitar seu modo estranho de pregar nos campos, algo que ele me demonstrou no domingo; como em toda minha vida... defendi com tenacidade cada ponto que tivesse a ver com a decência e ordem, eu tendia a considerar até mesmo a salvação de almas como um quase pecado se ela não ocorresse dentro de uma igreja.3

Sabemos que, ao final, o próprio Wesley tornou-se pregador ao ar livre, porém foi necessário que ele conhecesse Whitefield para quebrar o seu molde.

Quando Deus tem uma obra incomum a fazer, ele desperta homens incomuns. George Whitefield foi um desses homens. Seus pais eram proprietários de uma hospedaria e ele passou os primeiros anos de sua vida naquele ambiente rude e ímpio. Whitefield não era homem de grande estatura e era estrábico – condição que seus inimigos viriam a explorar mais tarde em sua vida através da alcunha “Dr. Squintim.” Porém, apesar das suas origens pouco promissoras, ele havia chegado a estudar na faculdade de Pembroke, da Universidade de Oxford, sendo posteriormente ordenado como membro do clero da Igreja Anglicana. Ele emergiria das recâmaras elitistas dessa denominação como um evangelista do povo em todos os níveis da sociedade.

Whitefield é um exímio exemplo de quem serviu com unção, fora da área de conforto de um ministro. Menosprezando o perigo físico e o risco de “suicídio profissional” ele seguiu fiel ao chamado de Deus – e Deus o usou poderosamente para abanar as chamas do Grande Despertamento. Whitefield correu grandes riscos e usufruiu de grandes manifestações do poder de Deus.

Muitos pastores oram pedido um avivamento em nossos dias. Nesse contexto é interessante seguirem nos passos de Whitefield, no sentido de indagarem: “Senhor, existe alguma obra incomum para eu realizar?”

Notas de Rodapé:
1

Horton Davies, Worship and Theology in England: From Watts and Wesley to Maurice 1690-1850, vol. 2 (New Jersey: Princeton University Press, 1961), 147. Tradução livre.

2

Ibid., 238. Tradução livre.

3

John Wesley, The Works of Reverend John Wesley, vol. l (New York: J & J Harper, 1827), 251. Tradução livre.